Na manifestação, estavam entregadores dos aplicativos iFood e Rappi, a maioria usando máscaras de proteção. Entre os problemas apontados por eles no protesto, estão a falta de vínculo empregatício com os aplicativos de entrega e o não fornecimento de equipamentos de segurança para os entregadores usarem durante a pandemia do novo coronavírus. O ato foi dispersado pela Polícia Militar (PM) durante a tarde. O Deputado Federal Ivan Valente apoiou a manifestação no Twitter:

Aumento da demanda que levou ao protesto

Por conta da quarentena, determinada como medida de segurança para conter o avanço da pandemia, lojas, restaurantes, comércios e prestadores de serviços precisaram fechar as portas, literalmente. Mas essa medida de isolamento fez com que a demanda por delivery aumentasse. Isso porque os restaurantes continuaram funcionando, só que de maneira adaptada para respeitar as regras da quarentena. Segundo um estudo feito pela Corebiz, empresa de inteligência para marcas do varejo, a receita das compras por aplicativos de entrega no segmento alimentício cresceu 77% entre os dias 1º e 18 de março, em relação ao mesmo período de fevereiro. Durante essa alta da demanda, o iFood chegou a dobrar o valor da sua taxa de entrega.  Além disso, o número de restaurantes e colaboradores cadastrados nos apps também aumentou. A Rappi, por exemplo, chegou a registrar pico de 300% nos pedidos de cadastros de colaboradores. Já no iFood, o número de entregadores passou de 147 mil para 170 mil de fevereiro para março. Só que os entregadores dos aplicativos reclamaram no protesto que, apesar do aumento da demanda pelos seus serviços, os valores recebidos por eles continuaram iguais. Apesar disso, houve solidariedade entre os consumidores. É que algumas pessoas que usam os aplicativos de entrega chegaram a aumentar 10% (ou mais) as gorjetas para os entregadores. Essa opção foi dada pelo próprio app, no caso do iFood. Em alguns casos, o valor da gorjeta chegou a 50% do valor do pedido. Mas os aplicativos informaram que os cartões de crédito demoram 40 dias para repassar os pagamentos, de forma que muitos entregadores não chegam a receber, de fato, as gorjetas.

O que dizem os aplicativos de entrega?

A Rappi não se posicionou sobre os protestos dos entregadores. Já o iFood afirmou que entende a importância de manifestações e apoia totalmente a liberdade de expressão. Segundo a empresa, os valores pagos pelas entregas se baseiam em fatores como distância da rota, cidade e modal. O iFood também informou que os entregadores podem conferir os valores que vão receber pelas entregas no aplicativo antes de aceitar o chamado. Em abril, informou a empresa, 61% dos entregadores recebeu R$19 ou mais por hora trabalhada (valor quatro vezes maior do que o pago por hora tendo como base o salário mínimo vigente). Estes entregadores foram responsáveis por 75% das entregas. De acordo com dados fornecidos pelo iFood, os ganhos médios mensais dos entregadores que tem o delivery como fonte principal de renda (35% do total de colaboradores) aumentaram 36% em abril, comparado a fevereiro. A empresa disse que a maioria dos entregadores fica disponível poucas horas por mês.  Em abril, o iFood informou que os entregadores ficaram, em média, 73 horas mensais disponíveis na plataforma, o que equivale a quase três horas por dia (num mês com 25 dias úteis). Ainda segundo o iFood, 84% dos entregadores ficou com o app ligado seis horas por dia ou menos. A empresa também ressaltou que as gorjetas dadas pelos clientes são repassadas integralmente aos entregadores e que, por conta do cenário atual da pandemia e quarentena, os valores foram aumentados para R$2, R$5 e R$10.  O iFood também informou que destinou mais de R$25 milhões em medidas de prevenção, cuidados, informação e benefícios aos entregadores durante a pandemia. Em março, a empresa anunciou um fundo de R$50 milhões destinados a restaurantes parceiros, em resposta à alta de casos de COVID-19. Fontes: B9 e Revista Fórum

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